Viajando com a leitura

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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ler clássicos da literatura podem ajudar na carreira

A ficção de primeira ajuda a desenvolver habilidades que são essenciais para a carreira. Aproveite as férias e escolha uma das obras selecionadas por VOCÊ S/A

 
 
 1 Um Jogador - Fiódor Dostoiévski Editora 34 - R$  44

Funcionário de um hotel, o narrador Aleksiéi Ivânovitch se apaixona por Polina Aleksandróvna, que o leva para o mundo dos cassinos. Lá, ele vê que a ganância e o vício em jogos podem destruir reputações, a começar pela dele.
Por que ler: A novela foi escrita por Dostoiévski porque ele mesmo estava endividado por causa de excessos na mesa de roleta. Escrita em 20 dias, essa obra mostra os perigos do vício e da ambição

2 O duplo - Fiódor Dostoiévski

Editora 34 - R$ 46

O Duplo retrata Golyádkin, um funcionário público que começa a enxergar a si mesmo duplicado. A imagem projetada representa o que Golyádkin gostaria de ser: respeitado, poderoso e rico.
Por que ler: "É um livro que trata da fragilidade da alma humana. Que põe em questão nossa onipotência e nossa arrogância", diz o escritor e crítico literário José Castello, autor de Ribamar (Bertrand Brasil).

3 Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald
Penguin — Companhia das Letras - R$ 25

Na alta sociedade americana, ninguém sabe ao certo quem é Gatsby, milionário que abre sua casa para festas luxuosas em que os convidados se embriagam com a aura do dinheiro e do poder.
Por que ler: Para entender que as aparências enganam e que não saber lidar com o poder pode levar a consequências terríveis.

4 Austerlitz  - W.G. Sebald

Companhia das Letras - R$ 43 
Jacques Austerlitz é um professor que viaja pela Europa em busca de dados que possam ajudá-lo a entender quem é. Separado dos pais aos 5 anos por causa do nazismo, o protagonista quer compreender como a história influenciou sua trajetória.
Por que ler: Neste misto de romance memorial com relato de viagem e narrativa histórica, Sebald revela que entender o passado é um modo de encontrar seu lugar no mundo e de se conhecer melhor.

5 O Processo - Franz Kafka
Editora 34 - R$ 34,45

Em uma manhã, Josef K. é informado de que será preso — sem entender o porquê. Angustiado, o protagonista inicia sua peregrinação por tribunais e órgãos públicos tentando descobrir, em vão, qual teria sido seu delito.
Por que ler: Em O Processo, Kafka mostra que não temos controle sobre nosso destino e que a burocracia e a violência podem criar problemas inexistentes e impedir a tomada de decisões.

6 Macbeth - Shakespeare
L&PM - R$ 13

Atormentado pela previsão de três bruxas que insistem que ele será rei, o general escocês Macbeth fica dominado pela ascensão ao poder e não mede esforços para chegar ao trono. Influenciado por sua mulher, a ambiciosa Lady Macbeth, ele decide que trair o rei é o caminho mais simples para ter o que deseja.
Por que ler: Shakespeare mostra que a ambição desenfreada pode enlouquecer até as pessoas mais calculistas e sensatas.

 7 O Filho Eterno - Cristovão Tezza
Record - R$ 42
Neste romance autobiográfico, Cristivão Tezza narra o nascimento do filho com síndrome de Down e mostra como o problema afetou seu casamento e sua carreira.
Por que ler: Munido de muita sinceridade, Tezza revela como o baque na vida pessoal faz com que as pessoas sejam obrigadas a se adaptar a situações novas.

 8 São Bernardo -  Graciliano Ramos
Record R$ 38
Paulo Honório é um homem pobre, mas ambicioso, que consegue transformar em um fazendeiro poderoso no sertão de Alagoas. Mas sua sede pelo poder nunca está satisfeita e ele é capaz de qualquer atitude para ser cada vez mais influente - seja como dono de terras, seja como marido da doce Madalena.
 Por que ler: " É um clássico brasileiro que conta a história de um proprietário rural que se adona de todas as criaturas que o cerca para ver ampliar não só as terras mas uma voracidade de comando sem tréguas. Em um estilo seco ao retratar uma personalidade tosca, a obra demonstra o ciúme paranoico sofrido por sua companheira, precipitando com isso uma tragédia " Diz João Gilberto Noll, escritor e autor de Anjo das Ondas ( Scpione), entre outros.


 9Robinson Crusoé  - Daniel Defoé
Companhia das Letras R$ 28
O inglês Robinson Crusoé sai em busca de aventura. Quando sobrevive sozinho a um naufrágio, se vê em uma ilha deserta, na qual viverá por 30 anos - os últimos deles ao lado de seu amigo selvagem Sexta-feira.
Por que ler:ao chegar à ilha desconhecida, Robinson é dotado de um espírito empreendedor admirável. Aos poucos, constrói uma casa sólida, planta grãos, cria cabras e produz queijos. A lição é que o empreendedorismo existe em qualquer um, basta uma situação propícia para que venha à tona.



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

MANUEL BANDEIRA - Poemas Modernistas da 1ª Geração ( Prof.ª Ciléa)

1. Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

2. Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

3. Estrela da manhã

Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras

Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra
[e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás


Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã

4. Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

5. Momento num café 

Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.

6.  Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

7. MAÇA
Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre de cujo umbigo pende ainda o [cordão placentário

És vermelha como o amor divino

Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente

E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.


Petrópolis, 25-2-1938.


8. BOI MORTO

Como em turvas águas de enchente,
Me sinto a meio submergido
Entre destroços do presente
Dividido, subdividido,
Onde rola, enorme, o boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto.

Árvores da paisagem calma,
Convosco – altas, tão marginais! -
Fica a alma, a atônita alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai com o boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto.

Boi morto, boi descomedido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou sentido
Ou significado. O que foi
Ninguém sabe. Agora é boi morto,

Boi morto, boi morto, boi morto!


9. POEMA DO BECO 

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?

- O que eu vejo é o beco.


10. Última Canção do Beco


Beco que cantei num dístico
Cheio de elipses mentais,
Beco das minhas tristezas,
Das minhas perplexidades
(Mas também dos meus amores,
Dos meus beijos, dos meus sonhos),

Adeus para nunca mais!


Vão demolir esta casa.
Mas meu quarto vai ficar,
Não como forma imperfeita
Neste mundo de aparências:
Vai ficar na eternidade,
Com seus livros, com seus quadros,
Intacto, suspenso no ar!

Beco de sarças de fogo,
De paixões sem amanhãs,
Quanta luz mediterrânea
No esplendor da adolescência
Não recolheu nestas pedras
O orvalho das madrugadas,
A pureza das manhãs!

Beco das minhas tristezas.
Não me envergonhei de ti!
Foste rua de mulheres?
Todas são filhas de Deus!
Dantes foram carmelitas...
E eras só de pobres quando,
Pobre, vim morar aqui.

Lapa - Lapa do Desterro -,
Lapa que tanto pecais!
(Mas quando bate seis horas,
Na primeira voz dos sinos,
Como na voz que anunciava
A conceição de Maria,
Que graças angelicais!)

Nossa Senhora do Carmo,
De lá de cima do altar,
Pede esmolas para os pobres,
Para mulheres tão tristes,
Para mulheres tão negras,
Que vêm nas portas do templo
De noite se agasalhar.

Beco que nasceste à sombra
De paredes conventuais,
És como a vida, que é santa
Pesar de todas as quedas.
Por isso te amei constante,
E canto para dizer-te
Adeus para nunca mais!


25 de março de 1942.


11. Testamento
O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.

Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!

29-1-1943  


12. SATÉLITE

Fim de tarde
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.

Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia.
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.  

MÁRIO DE ANDRADE - Poemas Modernistas da 1ª Geração - Profª. Ciléa

1. Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friume por dentro.
Fiquei tremulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.


Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem palido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Êsse homem é brasileiro que nem eu.

2. ODE AO BURGUÊS

Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
“ - Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
  - Um colar… - Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!”

Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!…


3. LUNDÚ DO ESCRITOR DIFICIL ( 1928)

Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquisila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.

Cortina de brim caipora,
Com teia caranguejeira
E enfeite ruim de caipira,
Fale fala brasileira
Que você enxerga bonito
Tanta luz nesta capoeira
Tal-e-qual numa gupiara.

Misturo tudo num saco,
Mas gaúcho maranhense
Que para no Mato Grosso,
Bate êste angú de caroço
Ver sôpa de carurú;
A vida é mesmo um buraco,
Bobo é quem não é tatu!

Eu sou um escritor difícil,
Porém culpa de quem é!...
Todo difícil é fácil,
Abasta a gente saber.
Bagé, piché, chué, ôh “xavié”,
De tão fácil virou fossil,
O difícil é aprender!

Virtude de urubutinga
De enxergar tudo de longe!
Não carece vestir tanga
Pra penetrar meu cassange!
Você sabe o francês “singe”
Mas não sabe o que é guariba?
- Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja.

4. ACALANTO DO SERINGUEIRO

Seringueiro brasileiro,
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
Ponteando o amor eu forcejo
Pra cantar uma cantiga

Que faça você dormir.
Que dificuldade enorme!
Quero cantar e não posso,
Quero sentir e não sinto
A palavra brasileira
Que faça você dormir...
Seringueiro, dorme...

Como será a escureza
Dêsse mato-virgem do Acre?
Como serão os aromas
A macieza ou a aspereza
Dêsse chão que é também meu?
Que miséria! Eu não escuto
A nota do uirapurú!...
Tenho de ver por tabela,
Sentir pelo que me contam,
Você, seringueiro do Acre,
Brasileiro que nem eu.
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.

Seringueiro, seringueiro,
Queira enxergar você...
Apalpar você dormindo,
Mansamente, não se assuste,
Afastando esse cabelo
Que escorreu na sua testa.
Alguma coisas eu sei...
Troncudo você não é.
Baixinho, desmerecido,
Pálido, Nossa Senhora!
Parece que nem tem sangue.
Porém cabra resistente
Está ali. Sei que não é
Bonito nem elegante...
Macambúsio, pouca fala,.
Não boxa, não veste roupa
De palm-beach... Enfim não faz
Um desperdício de coisas
Que dão confôrto e alegria.

Mas porém é brasileiro,
Brasileiro que nem eu...
Fomos nós dois que botamos
Pra fora Pedro II...
Somos nós dois que devemos
Até os olhos da cara
Pra êsses banqueiros de Londres...
Trabalhar nós trabalhamos
Porém pra comprar as perolas
Do pescocinho da moça
Do deputado Fulano.
Companheiro, dorme!
Porém nunca nos olhâmos
Nem ouvimos e nem nunca
Nos ouviremos jamais...
Não sabemos nada um do outro,
Não nos veremos jamais!

Seringueiro, eu não sei nada!
E no entanto estou rodeado
Dum despotismo de livros,
Estes mumbavas que vivem
Chupitando vagarentos
O meu dinheiro o meu sangue
E não dão gôsto de amor...
Me sinto bem solitario
No mutirão de sabença
Da minha casa, amolado
Por tantos livros geniais,
"Sagrados" como se diz...
E não sinto os meus patricios!
E não sinto os meus gaúchos!
Seringueiro dorme ...
E não sinto os seringueiros
Que amo de amor infeliz...

Nem você pode pensar
Que algum outro brasileiro
Que seja poeta no sul
Ande se preocupando
Com o seringueiro dormindo, Desejando pro que dorme
O bem da felicidade...
Essas coisas pra você
Devem ser indiferentes,
Duma indiferença enorme...
Porém eu sou seu amigo
E quero ver si consigo
Não passar na sua vida
Numa indiferença enorme.
Meu desejo e pensamento
(...numa indiferença enorme...)
Ronda sob as seringueiras
(...numa indiferença enorme...)
Num amor-de-amigo enorme...

Seringueiro, dorme!
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme!
Brasileiro, dorme.
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme.

Brasileiro, dorme,
Brasileiro... dorme...

Brasileiro... dorme...


5. O POETA COME AMENDOIM


 Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...
Foi o sol que por todo o sítio do Brasil
Andou marcando de moreno os brasileiros.

Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...

A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...
Silêncio! O imperador medita os seus versinhos.
Os Caramurús conspiram na sombra das mangueiras ovais.
Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os homens de meu país...
Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,
Por causa disso muita virgem-do-rosario se perdeu...

Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.
A gente inda não sabia se governar...
Progredir, progredimos um tiquinho
Que o progresso também é uma fatalidade...
Será o que Nosso Senhor quiser!...

Estou com desejos de desastres...
Com desejo do Amazonas e dos ventos muriçocas
Se encostando na cangerana dos batentes...
Tenho desejos de violas e solidões sem sentido
Tenho desejos de gemer e de morrer.

Brasil...
Mastigando na gostosura quente do amendoim...
Falado numa lingua curumim
De palavras incertas num remeleixo melado melancolico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...

Brasil amado não porque sejam minha patria,
Patria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,
O gôsto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,

Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu geito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.

6. QUANDO EU MORRER

Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

7. POEMAS DA AMIGA ( VIII)

Gosto de estar a teu lado,
Sem brilho.
Tua presença é uma carne de peixe,
De resistência mansa e de um branco
Ecoando azuis profundos.

Eu tenho liberdade em ti.
Anoiteço feito um bairro,
Sem brilho algum

Estamos no interior duma asa
Que fechou.



 

OSWALD DE ANDRADE - POEMAS MODERNISTAS DA 1ª GERAÇÃO ( Profª. Ciléa)

OSWALD DE ANDRADE 
1. Riquezas Naturais

Muitos metaes pepinos romans e figos
De muitas castas
Cidras limões e laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas daçucre
Infinito algodam
Também há muito paobrasil
Nestas capitanias

2. FERNÃO DIAS PAES
CARTA
Partirei
com quarenta homens brancos afora eu
E meu filho
E quatro tropas de mossos meus
Gente escoteyra com pólvora e chumbo

Vossa Senhoria
Deve considerar que este descobrimento
É o de maior consideração
Em rasam do muyto rendimento
E também esmeraldas

3.  J.M.P.S. ( da cidade do porto )
VÍCIO NA FALA


Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

4. MEDO DA SENHORA
A escrava pegou a filhinha nascida
Nas costas
E se atirou no Paraíba
Para que a criança não fosse judiada

5. AZORRAGUE
- Chega! Peredoa!
Amarrados na escada
A chibata preparava os cortes
Para a salmoura

6. 3 DE MAIO
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi

7. PROSPERIDADE
O café é o ouro silencioso
De que a geada orvalhada
Arma torrefações ao sol
Passarinhos assoviam de calor
Eis-nos chegados à grande terra
Dos cruzados agrícolas
Que no tempo de Fernão Dias
E da escravidão
Plantaram fazendas como sementes
E fizeram filhos nas senhoras e nas escravas
Eis-nos diante dos campos atávicos
cheios de galos e de reses
Com porteiras e trilhos
Usinas e igrejas
Caçadas e frigoríficos
Eleições tribunais e colônias

8. IDEAL BANDEIRANTE
Tome este automóvel
E vá ver o Jardim New-Garden
Depois volta à Rua da Boa Vista
Compre o seu lote
Registre a escritura
Boa firme e valiosa
E more nesse bairro romântico
Equivalente ao célebre
Bois de Boulogne
Prestações mensais
Sem juros

9. OURO PRETO

Vamos visitar São Francisco  de Assis
Igreja feita pela gente de Minas
O sacristão que é vizinho da Maria Cana-Verde
Abre e mostra o abandono
Os púlpitos do Aleijadinho
O teto do Ataíde

Mas a dramatização finalizou
Ladeiras do passado
Esquartejamentos e conjurações
Sob o Itacolomi
Nos poços mecânicos policiados
Da Passagem
E em alguns maus alexandrinos

Só o Morro da Queimada
Fala do Conde de Assumar

10. OCASO
No anfiteatro de montanhas
Os profetas do Aleijadinho
Monumentalizam a paisagem

As cúpulas brancas dos Passos
E os cocares revirados das palmeiras
São degraus da arte do meu país
Onde ninguém mais subiu

Bíblia de pedra sabão
Banhada de ouro das minas

11. PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas do bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

terça-feira, 13 de maio de 2014

terça-feira, 6 de maio de 2014

quinta-feira, 27 de março de 2014

PARTICIPE !!!!!

DIA 24 DE ABRIL
" ESTAÇÃO DO LIVRO" 

( Troca de livros, gibis e mangás )

COLÉGIO PADRE MACHADO: INCENTIVANDO A LEITURA SEMPRE !!!!!


segunda-feira, 24 de março de 2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

VAMOS PRESTIGIAR E PARTICIPAR !!!!!!!


PROJETO DO 6º ANO

Dando inicio os projetos interdisciplinares de 2014, escolhemos a redação do aluno Luis Filipe Tristão de Castro Pereira - Turma 161
( Professor Gustavo Ornelas - Formação Humana Cristã - FHC) 
sobre  o tema:

RESPEITO ÀS DIFERENÇAS

                    As pessoas, por mais parecidas que sejam, são diferentes umas das outras. 
                 Cada um tem seu jeito de ser, de pensar, um gosto para se vestir, para escolher seus programas, etc.

                    Há pessoas que seguem religiões diferentes, que tem crenças diferentes, que seguem partidos políticos diferente, há pobres, ricos e pessoas de classe média, pessoas de raças diferentes, profissões diferentes. 

                 Assim, para que o mundo seja melhor, sem brigas, crimes e guerras, as pessoas devem cultivar o respeito. primeiro devem respeitar a si mesmas, depois devem enxergar o outro e respeitar a individualidade do outro, nunca se esquecendo de que todos temos direitos e deveres e de que direitos de um termina quando começa o direito do outro.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Pequena Antologia de Augusto dos Anjos ( Poemas indicados pela profª Ciléa)

Augusto dos Anjos


 1. VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

 
 2- Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!


3. O MORCEGO  
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!



4. A IDEIA

De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
 
 

5. O deus-verme

Factor universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme — é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

6. Budismo Moderno 

 

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/11/03/budismo-moderno-augusto-dos-anjos-236552.asp

7. Último Credo

Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro – este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!

É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum,
É a morte, é esse danado número Um
Que matou Cristo e que matou Tibério!

Creio, como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui...

Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!

Fonte: http://antoniocicero.blogspot.com.br/2013/03/augusto-dos-anjos-ultimo-credo.html 

8. VOZES DA MORTE


Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte, inda teremos filhos

Fonte: https://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2008/02/24/vozes-da-morte-poema-de-augusto-dos-anjos/

 9. O MARTÍRIO DO ARTISTA

Arte ingrata! E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas fronetais células guarda!

Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe tarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!

Tenta chorar e os olhos sente enxutos!...
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz, e na que ardente o lavra

Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!

Fonte: http://umpoucodepoesia-msframos.blogspot.com.br/2011/11/o-martirio-do-artista-augusto-dos-anjos.html

10 . O CORRUPIÃO 

Escaveirado corrupião idiota,
Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo,
E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo,
Que do fundo do chão todo o ano brota!

Mas a ânsia de alto voar, de à antiga rota
Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo,
Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo
A gargalhada da última derrota!

A gaiola aboliu tua vontade.
Tu nunca mais verás a liberdade!...
Ah! Tu somente ainda és igual a mim.

Continua a comer teu milho alpiste.
Foi este mundo que me fez tão triste,
Foi a gaiola que te pôs assim!


Fonte: http://www.avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=1810&poeta_id=230


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LIVRO NOVO NA BIBLIOTECA

OBAAA !!! 
TEM LIVRO NOVO NA BIBLIOTECA



Disponível para empréstimo

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Periódicos de outubro

Estão disponíveis para apreciação, na biblioteca do COLÉGIO PADRE MACHADO, os periódicos listados abaixo:

Link para Sumário:

Link para Sumário:

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dicas de Redação - ENEM

Quer algumas dicas que podem fazer a diferença na hora da redação no ENEM? Aí estão:


  • Leia muito - tenha o hábito de ler; 
  • Saiba interpretar o texto;
  • Tenha cuidado com a linguagem, com o que você escreve; 
  • O aluno deve estar atento a gráficos e tabelas;
  • Pontue os itens que você vai usar como argumentação ANTES de começar a redigir;



Quer mais outras dicas? Confira no caderno ENEM 2013 do JORNAL ESTADO DE MINAS afixado no mural de informações da Biblioteca, que fica no corredor a caminho da quadra.